constelação de memórias

Um dos grandes problemas na parentalidade dos nossos tempos é que os filhos deixaram de ser vistos como novos seres Humanos que os pais têm o privilégio e a responsabilidade de introduzir ao mundo, para passarem a ser ou um meio ou um fim na vida dos pais.

Isto é resultado de um caminhar da sociedade que, ao longo do tempo, incutiu ideias e valores na mentalidade comum até que se alterasse a maneira de ver os filhos. Até chegar ao ponto em que estamos hoje, vou dar algumas considerações sobre certos aspectos que influenciam directamente a parentalidade de hoje em dia.

Não é novidade que o Homem tem vindo, cada vez mais certo de si mesmo, a excluir Deus da equação. Contudo, o humanismo e a secularização da sociedade não é o tema que quero desenvolver agora. Focando de novo na parentalidade, há algo que se perde gradualmente quando se exclui Deus da nossa vida e da educação dos nossos filhos: perde-se a noção de que os filhos pertencem a Deus, e que os pais são quem Deus colocou na vida daqueles para os disciplinar contra a sua natureza pecaminosa, orientar no caminho de Deus, e ajudar a crescer a nível físico, emocional, mental e espiritual, e que isso é tanto um privilégio quanto uma responsabilidade tremenda, pois Deus vai ter em conta o que os pais fizeram e o quanto os pais contribuíram para que a pessoa fosse, ou não, uma pessoa segundo o coração de Deus.

Resultado de imagem para parents and kids
image: http://madamenoire.com/519439/celebrity-parents-and-kids-who-just-dont-get-along/

Há outro princípio que também se tem vindo a ignorar ou até mesmo recusar, especialmente nos países do Norte da Europa, que é todo o princípio da educação e da disciplina segundo uma visão moral dos pais. Defende-se que a criança não deve ser submetida a qualquer educação religiosa, porque isso será impor-lhe uma opinião sobre Deus, condicioná-la a uma forma de agir e pensar, limitar a sua liberdade de escolha, e moldar a sua personalidade abusando da sua individualidade.

Isto é uma desonestidade moral e intelectual. Reparem na inconsistência: se não devemos educá-la dentro de uma religião, a única hipótese é educá-la sem religião. Contudo, se o problema é impor à criança uma visão religiosa, educá-la sem religião já é educá-la segundo uma certa posição em relação a Deus. Não é a favor de Deus, é contra - mas é tão condicionante quanto a sua alternativa. Se acham que as crianças não devem conhecer Deus, digam-no; mas não digam que elas não devem ser ensinadas segundo uma determinada perspectiva, porque elas serão sempre e inevitavelmente ensinadas segundo uma determinada perspectiva.

Também há outro aspecto a considerar relativamente a esta questão da religião. O estado quer ser laico, e nós queremos essa laicidade, pois respeitar o direito do outro de proclamar fé em Buda é respeitar o meu direito se proclamar fé em Deus. Isto significa que as escolas, na grande maioria, são laicas, e não ensinam nenhuma religião, tanto a nível de conteúdos leccionados, como a nível de comunidade. Nos países livres de hoje, na diversidade de alunos e professores de uma escola, todos são sujeitos a um ambiente sem religião e sem visões políticas, pelo que os pais sabem que, não importa o que ensinarem aos filhos, estes terão, garantidamente, educação laica, e, durante uma grande parte da sua vida, serão expostos a visões irreligiosas. Em termos de conteúdos ensinados nas aulas, as escolas, salvo raras excepções, até falham pelo outro extremo: em Ciências e História, apenas se ensina, e como verdade inquestionável, a Teoria da Evolução e a Teoria do Big-Bang, omitindo que estas são, na verdade, teorias, e que há outras teorias tão ou mais cientificamente válidas, sendo igualmente exploradas nas comunidades científicas pelo mundo, como a Teoria da Criação e a Teoria das Cordas.

É mais honesto considerar que, se os pais têm visões religiosas, só fazem bem em ensiná-las à criança, pois, sabendo que ela, na escola, terá inevitavelmente uma educação ateia e/ou céptica e/ou agnóstica, ao ensinar à criança a sua visão, seja ela poli ou mono teísta ou deísta, os pais estarão não a limitar a criança, mas a expandir os seus horizontes e a providenciar-lhe maior contacto com diferentes visões, mais conhecimento e mais opções por onde opinar e escolher, e isto é mais liberdade. É importante aqui frisar que é possível que os pais ensinem aos seus filhos aquilo que consideram ser uma verdade absoluta, ensinar tudo o que sabem sobre essa verdade absoluta, e ainda assim dar aos filhos a oportunidade de decidir por eles próprios se acreditam ou não nessa verdade absoluta. E isto também passa pela responsabilidade dos filhos: todos nós, a algum ponto na nossa vida, teremos de questionar se as nossas crenças são verdadeiramente nossas, ou se são apenas "herança" ou "tradição" vinda dos nossos pais.

Resultado de imagem para parents and kids religious
image: http://www.slate.com/articles/life/faithbased/2015/11/nones_who_raise_their_kids_with_religion_in_losing_our_religion_how_unaffiliated.html

Contudo, surge aqui o ponto final desta questão da disciplina moral e religiosa. Um dos argumentos de quem defende a ausência de religião na educação da criança é que esta, quando atingir a juventude, terá maturidade suficiente para procurar as opções e escolher por si própria. Isto é um engano. Primeiro, como eu disse acima, resumidamente, a maturidade para fazer uma escolha adquire-se através da formação nas opções possíveis. Sem essa formação, a maturidade para decidir é inexistente. A criança não fará uma verdadeira escolha; isto é, o caminho que ela seguir não será por ausência de opinião e necessidade de escolher, mas por defeito de formação pessoal.

A infância e a adolescência são as alturas da nossa vida em que estamos mais próximos do estado "tábua rasa" (aqui não defendo nem refuto se alguma vez fomos tábuas totalmente rasas). É na infância e na adolescência que estamos abertos às visões do mundo, e, como eu já disse, vamos ser inevitavelmente moldados por alguma coisa. Se não formos moldados por X, seremos moldados por não-X. Como defendi acima, o melhor a fazer para evitar isto é ser moldado pela consciência de ambos X e não-X, introduzindo uma dose equilibrada de ambos na educação da criança. Mas há uma terceira opção de molde que é tão válida como as outras, tão condicionante e tão perigosa, e que, em muitos aspectos éticos e morais, tem sido a posição predominante hoje em dia: as crianças não são moldadas por X nem por não-X, são, antes, moldadas pela própria ausência de X e de não-X, isto é, talvez-X-talvez-não-X, não-sei-nem-quero-saber, a-verdade-é-relativa e cada-um-tem-a-sua-opinião.

Não se deixem enganar pelo relativismo. O relativismo não é a ausência de moldes; é um molde por si próprio, apenas um molde sem bússola nem coordenadas. A criança cresce sem dar valor a X e sem dar valor a não-X; quando ela chegar à juventude, não pensem que ela escolherá logicamente ou X ou não-X. Como é observável na nossa sociedade, depois de uma educação relativista, a fase da juventude será tarde de mais para uma escolha absoluta, porque a criança cresceu a acreditar que nenhuma das opções auto-exclusivas é relevante o suficiente para ser parte da sua formação pessoal; e esse será o valor dela. É tão simples como o seguinte: se a criança cresceu sem aprender a dar valor a X, quando atingir a juventude, a sua visão não será "desconheço o verdadeiro valor de X", e sim "X não tem valor". Ela estará, assim, condicionada a ser relativista: está condicionada a viver sem qualquer tipo de guia nem padrão moral, o que pode parecer libertador e capacitador, mas é um tipo de dogmatismo por si só.

E aqui volto ao princípio de que a corrida em que todos estamos tem apenas uma meta. Podemos seguir os guias certos, e atingir a meta; podemos seguir guias errados, que nos levam à meta errada; e, finalmente, podemos ignorar quaisquer guias, contudo, pela falta de guias não se ganha em opções de caminhos, porque essa é simplesmente outra maneira de participar na corrida, mas perde-se à mesma, visto que a meta é só uma.

"Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele." (Provérbios 22:6)


Imagem relacionada
image: http://www.focusonthefamily.com/parenting/spiritual-growth-for-kids/family-bible-reading-and-devotions/how-to-read-the-bible-as-a-family


E como é que, de tudo isto, passamos à quase objectificação dos filhos? Porque é que considero que vivemos num cenário em que filhos não são, no fundo, encarados como indivíduos verdadeiramente válidos, pelo menos não a um nível conceptual nos sonhos dos pais? Porque digo que os filhos são hoje vistos como um meio ou um fim na vida dos pais?
Nos próximos tempos publicarei outro artigo onde seguirei esse pensamento.
Share
Tweet
Pin
Share
1 comentários
where does the time go?

Where does the time go, that is a deep question.
If in the course of nature nothing is created, nothing is lost, everything is transformed, time should not be lost; it should either transform or stay the same.
It doesn't really stay the same but it doesn't transform either, does it?
It is not matter, so I guess the rule doesn't apply...
It exists, however!
So it either is not a part of Nature, OR, Nature is not only matter.
Now, even if evolution were true to matter, how could evolution create something that is not material?
It's interesting: if you think of it, time is not really something bigger than all Creation... it is a feature of all Creation.
Outside of Creation, time doesn't exist, because eternity is not a form of time, it is the absence of time.
When God created the world, he did it in a period of time. But He is eternal, so we see that He limited Himself to time while He was Creating. This means He limited Himself to this reality in order to create it - although the only aspect of this creation we know He limited Himself to is time. So if time is a characteristic of Creation, at what point did God create it? Did the fact that God created everyting within a certain period of time become the creation of time itself?
And, since we have a reference of 6 days, why did God create things while limiting Himself by time, but not by matter? What makes time different? Is it because time is abstract? Or is it, really?


Sablier
http://cedricguerin.fr/indexation-backlinks-express/
Share
Tweet
Pin
Share
No comentários


"Na Musica de Câmara, dar destaque a um instrumento não significa tocar mais baixo que ele; antes pelo contrário. Quando tocamos à mesma altura de som, no mesmo volume, a única coisa que nos destingue é o timbre. Assim sendo, dar destaque a um instrumento será ser capaz de ouvir esse instrumento ao mesmo tempo que se mantém a unidade sonora. É uma mistura perfeita de sons, onde se continua a conseguir distinguir claramente cada instrumento. E isto ouve-se cá de fora. Porque um júri experiente não ouve somente o que vocês tocam; ele ouve o que vocês ouvem."
(Paulo Pacheco, pianista e professor na ESML)

Resultado de imagem para piano image
(https://br.pinterest.com/pin/547398529689596552/)
Share
Tweet
Pin
Share
No comentários
(Picture from: http://www.huffingtonpost.com/meg-dennison/why-you-should-be-selfish_b_7088962.html)

"Sometimes, you have to forget what you want to remember what you deserve."

Yep, darn straight! Sometimes we have to forget that we want everything in the world, and everything good anyone else has, and all the money, and all the perfect relationships, and all the social status, and all the promotions, and all the friends, and all the objects that we think will make us feel happy and accomplished; so we can remember that we deserve no more than what we all have coming: the day when all of this here will come to an end, and that we actually deserve a much worse reality than what we could ever imagine, because we're a rotting species and we do rotten things, and evil is planted inside us, and we know it, and we are rebels for giving it space to grow; and only when we remember all this, will we be able to appreciate the Grace of God, the way He showed us His love for us, by giving His perfect Son to pay a sacrifice that we were supposed to pay and now don't have to, because our Holy, Holy, Holy Lord has made us as an unpayable offering so that we could become His children and live with Him Forever.

Even though I suppose that's not what they meant when they said the quote.
Share
Tweet
Pin
Share
No comentários


I G U A L D A D E
Será que igualdade significa dar tratamento igual a todos, ou tratar todos como iguais?

Na verdade, sim, vejo diferença em ambas essas situações.




Este é um cartoon com que me deparei há alguns anos, numa aula de filosofia.

Hoje, atrevo-me a reformular esta imagem, dizendo que o cenário da direita representa, na verdade, igualdade; representa justiça e igualdade. Assim, a meu ver, o da esquerda é, afinal, uma representação de um conceito errado de igualdade, que é, infelizmente, um dos ideais mais comuns do tratamento ao outro hoje em dia, que tem passado camuflado de igualdade: a indiferenciação.

Como podemos ver, no cenário que a ilustração representa como sendo igualdade, a todos lhes foi dado uma caixa do mesmo tamanho para que pudessem ver um jogo para além da vedação. O problema é que todos têm tamanhos diferentes, e a caixa igual acabou por deixar todos em posições diferentes. Na minha opinião, embora isso seja a igualdade no tratamento, não é a verdadeira e ideal igualdade, pois, no fim, todos mantiveram os problemas que se originavam das suas diferenças.

Passo a explicar: creio que a igualdade que se pretende atingir é mais uma simbiose da celebração dos aspectos positivos da diferença com a solução dos problemas que esta origina. Assim, como ilustrado no cartoon, o tratamento igual a todos não é igualdade. Porquê, exactamente?

O tratamento igual a todos provém de uma espécie de preguiça moral. Noto que quem idealiza dar tratamento igual a todos os indivíduos não reconhece o valor único que cada sujeito tem, e ignora as necessidades pessoais de cada um. É que necessidades diferentes requerem diferentes abordagens. Quem aborda todos os problemas do mesmo modo, coloca todos no mesmo saco, julgando que isso significará ser imparcial e justo. No entanto, termina em tudo menos justiça, e é, no fundo, um desrespeite de quem o outro é. Dar o mesmo tratamento a todos é a verdadeira indiferenciação, que resulta, então, em injustiça, e isso o cartoon já mostrou (embora chamando a indiferenciação de igualdade).

Agora vou mais além, e digo que a igualdade deve estar sempre associada à justiça. No entanto, isso é difícil de entender hoje em dia, num tempo em que a igualdade é tão comummente mal interpretada.

Daí a minha pergunta original: será a igualdade tratar todos por igual, ou tratar todos como iguais?

Tendo já concluído que a primeira opção não corresponde a igualdade, e sim a indiferenciação, quero agora explorar rapidamente a segunda situação, que acredito ser a verdadeira igualdade. Então, qual é a diferença entre tratar todos por igual e tratar todos como iguais?

A verdade é que a primeira situação do cartoon é enganosa. Facilmente se conclui que, ao dar o mesmo tratamento a todos, se está a tratar todos como iguais. Mas, na minha opinião, tratar todos como iguais vai muito mais além do que aquilo que se vê a olho nu. E aqui está a diferença: tratar todos como iguais não significa ver todos como se tivessem a mesma altura; e sim reconhecer que todos têm alturas diferentes, e todos têm direito a ver o jogo da mesma altura.

E aqui é que "a porca torce o rabo". Porque a verdade é que as pessoas não têm a mesma altura. Não se pode tratar todos por igual em aspectos em que ninguém é igual. Todos começamos iguais, mas crescemos, evoluimos até tornar-nos todos diferentes em aparência, personalidade, memórias, sonhos, desejos, pontos de vista, enfim, podemos resumir tudo isso àqueles três grandes pontos que moldam a cada ser humano de maneira diferente: hereditariedade, educação, e meio envolvente. Há que reconhecer essas diferenças, pois isso é crucial para que haja justiça. Tratar as pessoas com justiça é tratá-las tendo em conta essas diferenças. Tratá-las com igualdade é tratá-las tendo em mente o facto de que, antes e para além dessas diferenças, somos todos iguais. E, na minha opinião, ambos esses conceitos podem e devem ser praticados em conjunto. Mas para chegar aí, há que expandir a mente de duas formas. Há que expandi-la de modo a perceber que, como espécie, somos todos iguais, e expandir a mente também para conseguir copular os dois pensamentos: como espécie, somos todos iguais, e como indivíduos, não há duas pessoas iguais.

Quando se consegue pensar assim, atinge-se o segundo contexto do cartoon: aquilo que eu disse que representava a justiça e a igualdade.

Nessa situação, rejeita-se a indiferenciação ao reconhecer que todos têm características diferentes, sendo, assim, justos para cada um, e pratica-se a igualdade porque se reconhece e respeita em cada um o valor de uma vida, e se lhes dá a possibilidade de experimentar a realidade do mesmo modo. Não com as mesmas ferramentas, mas com as ferramentas adequadas, que lhes permitam aproveitar a vida ao máximo e do melhor modo, sem deixar de ser quem são. Assim, praticando a verdadeira igualdade e justiça, cada um será a melhor versão de si mesmo.
Share
Tweet
Pin
Share
No comentários
Estejam atentos e sejam discretos. Não é pessoal, mas, na minha maneira de ver as coisas, os verdadeiros heróis não se auto-promovem, muito menos nas redes sociais. Não me refiro a auto-promoção de negócios, talentos, nem coisas assim. Refiro-me à auto divulgação de actos de benevolência altruísta, aquele heroísmo que nos "restaura a fé na Humanidade". (E acreditem: por vezes, até o falar muito alto enquanto se elogia alguém já é, na verdade, promoção da própria generosidade e simpatia.)
Acho muito importante e, obviamente, concordo que o que as pessoas fazem de heróico seja divulgado para que todos sejam motivados a seguir o seu exemplo, e até para que eles saibam que o seu trabalho é apreciado (embora isso seja algo de que os verdadeiros heróis nunca precisarão). Mas, para que o que eles fazem seja divulgado, todos nós é que devíamos estar atentos, se realmente valorizamos o que eles fazem, e deveríamos ser nós a fazer conhecido o trabalho deles.
Ainda assim, a verdadeira valorização do que eles fazem seria ir ter com eles, dar-lhes um "obrigada" e um abraço, sair, e seguir, nós mesmos, o seu exemplo. Sem essa última parte, de que serve partilhar a foto sorrateira que lhes tirámos (e de que quase nos orgulhamos)? - apenas para reforçar a essência hipócrita das pessoas, que é evidenciada nas redes sociais.

É que não são apenas aqueles indivíduos maravilhosos que aparecem no Facebook que ainda fazem coisas boas e relevantes... Há pessoas fantásticas em todo o lado, há heróis em todo a parte: a única diferença é que os mais humildes e verdadeiramente altruístas raramente chegam a aparecer.
#JustSaying

img de http://setuforeuvou.blogspot.pt/2010/11/bom-trabalho-meu-rapaz.html
Share
Tweet
Pin
Share
No comentários
img copied from https://novakdjokovicfoundation.org/parenting-tips/10-things-to-help-you-dealing-with-an-angry-child/

Todos os que já foram criança (ou seja... todos) se lembram de, a dada altura, tornar-se familiar com o ditado "quem diz é que é". Lembram-se provavelmente de gostar muito dele, ele dava jeito, e quase toda a gente chegou a usá-lo intensivamente. Mais cedo ou mais tarde, algum adulto terá dito "não digas isso, que é feio!". Por um lado tinham razão; é feio. Dizer "quem diz é que é" é o mesmo que insultar a pessoa, chamá-la do que ela nos chamou, mas se quem diz é que é então nós também somos porque acabámos de insultar o outro tanto quanto ele nos insultou a nós, e se ele disser que quem diz é que é, lá o são eles outra vez, e assim sucessivamente. Enfim, um ciclo vicioso infinito de insultos, o que não é nada bom nem construtivo, é inclusive muito mau e destrutivo.

Mas começo a chegar à conclusão que os adultos não queriam que disséssemos que "quem diz é que é" porque, na fundo, quem diz é que é.

Um exemplo de sabedoria infantil que é temida pelos adultos por ser um perfeito retrato psicológico do fenómeno das nossas próprias frustrações e da projecção dos nossos próprios problemas no outro, como manobra de diversão para a sociedade: "olhem para ele, que é tão mau, pior do que eu, até! (enquanto isso, pelo menos não olham para mim)".
Share
Tweet
Pin
Share
No comentários
Older Posts

About me

sobre mim
Uma jovem dos Açores.
Sou coleccionadora de memórias, e aqui está a minha constelação.

Deus, família, amigos, palavras, imagens, e sons.
Querer fazer a diferença, e viver num constante processo de tentar perceber como.

Follow Us

  • Rebeca Roxo Couto (epiclemonpie)
  • Rebeca Roxo Couto Photography
  • Collection of Everything
  • Instagram
  • Twitter
  • Pinterest

Visitas

Popular Posts

  • Matéria - Mudanças de Estado Físico e Pontos de Fusão/Ebulição
  • Imagem Com Que Discordo :D
  • Obrigada

Labels

  • abundância
  • altruísmo
  • amor
  • argument
  • arte
  • Assim também é com Deus - Vida de Pi
  • atheism
  • casal
  • chinês
  • citações
  • Collection of Everything
  • Creation
  • criança
  • depressão
  • desespero
  • Deus
  • direitos
  • doença
  • drink
  • drugs
  • ensino
  • epicurean
  • escola
  • estupro
  • ética
  • evil
  • exames
  • existentialism
  • experience
  • extremismo
  • fascismo
  • feminismo
  • femismo
  • free will
  • Fruta
  • géneros
  • génios
  • GettyImages
  • ginástica acrobática
  • God
  • good
  • graça
  • gratitude
  • health
  • heróis
  • homem
  • Humano
  • igreja
  • igualdade
  • Imagens
  • indiferenciação
  • inovar
  • inspiração
  • Jesus
  • justiça
  • lançamento
  • life
  • livro
  • machismo
  • masculinismo
  • medo
  • mental
  • misandria
  • misoginia
  • moral
  • mulher
  • natureza
  • oleiro
  • opinião
  • opinion
  • oportunidades
  • paradox
  • parentalidade
  • party
  • party hard
  • pássaro
  • priberam
  • problema
  • provérbios
  • psicologia
  • questions
  • quotes
  • reflexão
  • relações
  • respeito
  • riqueza
  • rótulos
  • sabedoria
  • salvação
  • sem
  • sin
  • sistema
  • smoke
  • sociedade
  • speak out
  • teenage
  • theism
  • time
  • vaso
  • vida
  • violação
  • vítima
  • youth

Blog Archive

  • ▼  2017 (2)
    • ▼  janeiro (2)
      • Parentalidade: considerações sobre os nossos tempos
      • where does the time go ?
  • ►  2016 (16)
    • ►  outubro (1)
    • ►  agosto (2)
    • ►  junho (7)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (3)
    • ►  março (2)
  • ►  2015 (3)
    • ►  julho (1)
    • ►  maio (1)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2014 (13)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  junho (1)
    • ►  abril (8)
    • ►  março (1)
  • ►  2011 (26)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (3)
    • ►  abril (11)
    • ►  março (10)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2010 (17)
    • ►  outubro (8)
    • ►  setembro (3)
    • ►  junho (1)
    • ►  maio (5)
Com tecnologia do Blogger.

Seguidores

Pesquise

Follow us

Advertisement

Created With By BeautyTemplates & Published With By Blogger Templates