Desespero, Abundância e a Graça de Deus

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Uma pessoa desesperada é uma pessoa que não encontra saídas. Ou pode-se também dizer que é uma pessoa que não encontra entradas. Mas normalmente o desespero é um lugar fechado, claustrofóbico, afliginte, do qual é difícil sair.
No entanto, este pode ser um espaço no qual, afinal, nos encontramos, e queremos então ir para outro lado; e muitas vezes só se chega a um lugar melhor através do desespero.
Bom, através de ou durante o desespero, dependendo muito da pessoa e das circunstâncias, pode chegar-se a "áreas de recorrência", tais como como
a descoberta de Deus e salvação espiritual, ou a recorrência a bruxaria, superstição e outras coisas provenientes do Diabo, a busca de religiões e congregações que confortam mais o coração do que propriamente instruem no caminho do Evangelho, a recorrência a drogas e/ou outras substâncias que prometem afastar a depressão mas a longo prazo só trazem mais, a chegada ao ponto da auto-mutilação ou até mesmo à mutilação aos outros, e, em alguns casos, ao suicídio.

Porém, antes de chegar ao ponto do desespero, a pessoa provavelmente passará por uma fase de depressão. Onde algo correu/corria mal e, tendo em conta a sua fraca ou inexistente fé, a pessoa não aguentou a pressão, e começou a desfalecer. Não via por onde ir, tomou a posição da auto-piedade e revolta contra o mundo, com pensamentos do género de "ninguém me ama, eu sou mesmo assim", "mais cedo ou mais tarde isto ia acontecer, porque eu nasci mesmo assim, estragado", "o mundo virou-se todo contra mim, mas também não preciso mais da ajuda deles porque eu nem tenho cura", "mais valia eu não estar aqui, ninguém precisa de mim".
Para sair desta fase, há várias portas que convidam, como por exemplo as ditas áreas de recorrência. Umas enganosamente, mas há uma, que referi como primeira, que é totalmente pura e que nos convida a entrar seja na depressão, no desespero, na falta, ou até mesmo na alegria e na abundância. Deus chama-nos para pertencermos à Família dele em todas e quaisquer circunstâncias.
Ele oferece a vida eterna. Devemos, sim, fazer "boas acções", mas a graça de Deus não vem daí. A graça de Deus vem no momento em que nos entregamos totalmente a Ele, fazemos uma oração a dar-lhe a nossa vida, falamos que queremos, para sempre, pertencer a Ele, e que desejamos passar a vida eterna com Ele, o nosso Deus. As boas acções são o resultado da salvação, e deixam de vir como uma obrigação, para passarem a ser um desejo. A Graça de Deus fez-se o que hoje é, sobre nós, a partir do momento em que Jesus se deixou ir à cruz, para morrer pelos nossos pecados; e Ele mesmo passa a viver em nós a partir do momento em que reconhecemos que, o que Jesus fez, deveríamos ter feito nós mesmos, e que isso foi a derradeira prova de amor de Deus por nós; quando reconhecemos que esta é a nossa maior bênção.

Ao apontar que, para receber a graça de Deus, "ainda é preciso fazer «isto» e «aquilo»", estamos a afirmar indirectamente que o trabalho de Deus estava incompleto. Jesus veio a este cruel mundo para morrer pelos nossos pecados, morrer em nosso lugar, na cruz onde deveríamos estar nós, para nos trazer a graça do Pai, e para glorificá-Lo. O que tínhamos a fazer, morrer, já foi feito por nós. E essa morte que o pecado nos impõe já foi vencida, porque Jesus, que se entregou à Cruz, ressuscitou! Aceitá-lo e entregar a Deus a nossa vida é apenas o que nos resta para sermos livres dessa mesma morte. Algo assim parece impossível; salvar uma alma da morte e da perdição. Mas essa é a Boa Nova; Jesus é O caminho, o Único ("Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6)).

Assim, todos necessitamos de Deus, e, embora não mereçamos a Sua graça, ela é-nos dada de graça, é grátis.
Uma pessoa desesperada já chegou ao extremo. Busquem Deus, quer sejam desesperados ou aflitos, tristes ou amargurados, ou até mesmo se se acharem satisfeitos; busquem-No, quer estejam sozinhos ou rodeados de companhia, pedintes ou milionários. Porque, devo dizer, seja qual for a sua condição, até mesmo o maior possuidor de bens e amizades; ninguém é feliz se estiver morto espiritualmente, ou seja, se não tiver a garantia da vida eterna com Deus.
Essa vida eterna é-nos oferecida por Ele, e nada mais simples e maravilhoso do que aceitá-lo e reconhecê-lo como nosso Senhor e Salvador, e entregar toda a nossa vida a ele.

Quem está desesperado não consegue encontrar uma saída, mas apenas Deus pode eliminar toda a dor, e, melhor ainda, dar uma razão para qualquer dor que este mundo nos faça sentir, e acompanhar-nos até ao fim, e eternamente. "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito." (Romanos 8:28). A Palavra de Deus já é acessível a quem quiser lê-la, e o nosso trabalho é torná-la mais acessível ainda. Se quer ser chamado por Deus, basta procurá-lo! Ele ama-nos a todos e espera-nos de braços abertos.

A necessidade de ser de Deus está tanto no desespero como na abundância e em outra situação qualquer. A abundância que temos agora é só para esta vida, todo o nosso esforço vale a pena mas um dia findará. "No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás." (Gênesis 3:19). E o desespero que sentimos agora também não haverá mais na eternidade com Deus.
A nossa vida é tão curta, porquê estragá-la? O que são 70 anos quando inseridos na eternidade? Ou até mesmo 100! Porquê passar todos os nossos dias a fazer coisas erradas e a aproveitar até as piores oportunidades, só porque poderemos não estar aqui amanhã?
Se a nossa vida é tão curta, há que tratá-la como o tesouro que ela é. Somos tão frágeis e efémeros... A nossa vida é tão preciosa que só merece tudo o que há de melhor e mais correcto; nada que a possa estragar é bem-vindo. Se só temos esta oportunidade de viver, há que vivê-la da maneira certa. Há que aproveitar a melhor das oportunidades que alguma vez teremos, há que aproveitar a única coisa que nos é garantida para depois da morte: a Graça de Deus e a Vida Eterna com Ele.
Como já disse, uma vez que reconhecemos a Autoridade e Majestade de Deus e o aceitamos verdadeiramente como nosso Senhor e Salvador, toda e qualquer coisa que Ele nos mandar fazer deixa de ser uma obrigação, e passa a ser um desejo, uma vontade, uma honra.
É então que percebemos que os planos de Deus para a nossa vida são completamente correspondentes à Sua natureza; são planos de amor, Vida, abundância, e Deus cumpre as suas promessas.
Deus não exige que sejamos pobrezinhos e sofredores e desesperados; Ele veio ao mundo para que possamos todos desfrutar da Vida e da verdadeira Felicidade, que só Ele nos pode dar.
"O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." (João 10:10).

Embora seja difícil, há que esquecer o desespero, e esquecer a abundância, e há que nos lembrarmos do amor de Deus por nós, do seu sacrifício no Calvário e da sua vitória sobre o Mal.
Deus é o começo de Tudo o que é Bom. "Eu sou o Alfa e o Ómega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro." (Apocalipse 22:13).
Ele garante-se-nos. Ele garante-nos a sua Graça; até para depois desta vida.
O que temos a fazer é entregarmo-nos a Ele; é o mínimo que podemos fazer, pois ele merece tanto mais. Estávamos cativos pelo pecado, condenados à morte, mas Ele morreu por nós, e fê-lo de graça, pela sua Graça. E diz-nos: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza." (II Coríntios 12:9). Não importa que fraquezas temos, Deus ainda opera milagres que são perfeitamente visíveis; até no maior desespero.

Deus exige de nós apenas aquilo que Lhe devemos; a nossa Vida. Quando entendemos que o plano de Deus para a nossa vida é perfeito, passa a ser a nossa vontade entregar-Lhe tudo o que temos e somos, pois Deus é como o oleiro e nós somos o vaso nas suas mãos. Quando a criação do oleiro começa a desviar-se da orientação das suas mãos, o próprio oleiro é o único capaz de quebrar o vaso e fazê-lo de novo, fazê-lo uma nova e melhor criação.
Assim também acontece com a nossa vida nas mãos de Deus. A diferença é que nós temos a opção da escolha e, para que Deus possa operar a restauração da nossa Vida, temos que querê-lo, e confiar completamente a nossa Vida nas mãos de Deus, o nosso oleiro.
"Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer. (...) Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? diz o Senhor." (Jeremias 18:4,6).
Esquecer o desespero, esquecer a abundância; entregar tudo nas mãos de Deus, pois só Ele é capaz de salvar uma obra aparentemente perdida e fazer de nós Novas Criaturas.

A verdadeira felicidade não é, então, sair do desespero, e sim buscar a Deus, pedir o seu perdão, e entrar na sua Graça, pois é então que vem a verdadeira abundância.
"...eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância." (João 10:10b)
"Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mateus 6:33).

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